Capitulo 167

[...]

-Luan, eu preciso ir sozinha, ela pode fazer alguma coisa com Bernardo se eu levar alguém.  Eu também não quero meu filho no meio de um tiroteio policial! - Melissa falava.
-Não quero saber, é meu filho também, eu vou com você! - Luan batia o pé.
-Nos estamos a um passo de ter nosso filho de volta, entende! - Melissa estava ficando nervosa.
-Eu não vou deixar você sozinha entendeu? Não vou! 
-Vão em carros separados! - Edu se manifestou - Melissa na frente, Luan na escolta, Melissa vai e Luan fica no carro, não tão perto da entrada do hotel pra não ser percebido. Vocês combinam um sinal, um toque no celular, sei lá... Se algo acontecer, Melissa dá o sinal e Luan liga pro delegado Garcia e nós vamos todos pra lá. - Edu falava como se tivesse passado horas planejando aquilo.
-Isso é loucura, ela pode estar armada, pode querer fazer algum mal a Melissa. Vocês mesmos disseram que o motivo do sequestro foi vingança, ela quer atrair a Melissa pra lá. - Garcia falava.
-Vamos seguir como Edu falou. - Melissa deu a ordem.
-Melissa no seu carro, Luan no meu pra ninguém desconfiar de nada. - Edu continuou.
-Filha, tem certeza de que isso é uma boa ideia? - Humberto perguntou.
-Também acho Luan, e se acontecer alguma coisa com vocês? - A mãe de Luan ficou aflita.
-Nada vai acontecer mãe, nem comigo, nem com a Mel e nós vamos trazer o Bê de volta. - Luan falou pegando as chaves do carro de Edu.

Depois de falar aquilo os dois saíram  cada um em um carro como planejado, Melissa na frente e Luan a um carro de diferença dela, em cerca de 15 minutos chegaram no endereço onde Ellen tinha marcado. Melissa saiu do carro, fez um sinal com a cabeça pra Luan e entrou no prédio, o quarto de Ellen era no segundo andar, chegou rápido lá e tocou a campainha freneticamente. Não estava com medo, só pensava na possibilidade de ver seu filho de novo. 

Ellen abriu a porta sem nenhuma expressão no rosto, logo Melissa pode avistar Bernardo, no chão com alguns brinquedos a sua volta. Sem pensar Melissa correu para abraça-lo, segurou ele como se sua vida dependesse daquilo, o encheu de beijos também:
-Bernardo, meu filho! - Ela chorava de emoção.
-Mamãe, Oi mamãe! - Bernardo falava sorrindo.
-Como é que você tá em? Deixa eu ver? - Ela analisava cada partezinha do bebê pra ver se ele estava inteiro. 
-Ele esta bem Melissa, talvez até melhor do que quando estava com você! - Ellen se manifestou.
-O que? - Melissa virou-se pra ela ainda segurando Bernardo - O que deu em você em? Porque tirou meu filho de mim? Eu devia te dar outra surra por isso Ellen, você é completamente maluca! - Ela esbravejava.
-Eu queria me vingar de você! Me vingar de tudo que você fez comigo, de todas as vezes que me humilhou, me maltratou. - Ellen confessava. 
-Sequestrasse a mim então. Meu filho não tem culpa de nada que aconteceu entre nós! 

Ellen deu alguns passos pelo pequeno apartamento, uma lágrima escorreu em seus rosto e ela enxugou rapidamente e disse quase num sussurro:
-Eu sou sua irmã Melissa. 
-Minha irmã? E que irmã tira o filho da outra? Você não imagina os momentos que eu passei nessas ultimas 24 horas Ellen, você tirou a minha vida! Esse bebê é tudo pra mim Ellen, tudo. Quando você tiver um filho vai entender o que eu estou dizendo. Você podia ter pegado a mim, colocado uma arma na minha cabeça, me amarrado, amordaçado, levado para um lugar abandonado, me espancado, me deixado com fome e sede que nenhuma dessas dores seria maior do que a falta que senti do meu filho, nenhuma dor seria mais ruim do que passar a noite longe dele, maior do que o trauma que você me causou. - Melissa desabafava.

-E eu? Já se colocou no meu lugar alguma vez na sua vida? Na dor que eu sinto e senti todos esses anos? Eu tinha uma família Melissa, tinha minha mãe que também era meu tudo, tinha meu pai, quer dizer, o pai que me criou mesmo sabendo que eu era filha de outro e de repente eu vi tudo virar pó na minha frente. Decido ir em busca do meu pai biológico, me torno secretária dele pra me aproximar e estudar o terreno ai me vem você já me odiando de cara, como você mesmo dizia "Sentia que eu era ruim!"... 
-E você é ruim! - Melissa interrompeu, mais Ellen continuou. 
-... Eu olhava pra você e sentia um misto de sentimentos ruins Melissa, ódio, Nojo, Inveja. Porque você era má, era mimada, irresponsável, escandalosa, caprichosa, irritante, só dava desgostos ao seu pai mas ao mesmo tempo tinha tudo, milionária, morava numa mansão, andava vestindo as melhores roupas e sapatos, fazia as melhores viagens, tinha todos os homens aos seus pés, inclusive Edu e tripudiava em cima dele como se fosse superior e depois, pra acabar de completar, o maior cantor do Brasil se apaixonou por você, com esses belos olhos azuis. Você tinha tudo mais não agradecia, enquanto eu, não tinha nada, mas tudo bem, até então ninguém sabia que eu era filha do grande Humberto Morais e eu estava esperando o momento certo pra contar, estava sabendo por auto da sua mudança e eu tinha esperanças sabe? Tinha esperanças de que meu pai gostasse de mim, que você gostasse de mim, que um dia virássemos uma família de verdade. - Ela parou de falar pra enxugar mais lágrimas que rolavam.

-Mais nós eramos uma família Ellen, ou não eramos? Meu pai te adora, você nem imagina como ele ficou quando soube que você tinha pegado o Bernardo, passou até mal, duvidou que a própria filha dele fosse capaz! E eu estava aprendendo a gostar de você também, todos nós estávamos, lembra como foi divertido sábado no aniversário do Bê? Acha que ali nós não parecíamos felizes? Sim! Todos nós estávamos muito felizes menos você, porque você quem fingiu o tempo todo. Fingiu que estava arrependida, fingiu que queria estar perto da gente, mentiu todo o tempo enquanto articulava um plano para sequestrar meu filho por vingança, pra me fazer sofrer. Você foi egoísta Ellen, não pensou nos sentimentos de ninguém, só nos seus. - Melissa também chorava.

-Eu fiz tudo isso por vingança sim. Você se lembra como reagiu quando descobriu que eu era sua irmã? Me humilhou novamente, repugnou a ideia, deu um ataque desnecessário, disse que não me queria por perto e que eu só estava interessada no maldito dinheiro não foi? Eu tive que sair do país porque sabia que não aguentaria ouvir aquilo de você todos os dias. Mais eu não me esqueci Melissa, todo santo dia eu pensava em tudo isso e também no que faria pra me vingar de você.

-Você julga que eu te fiz tanto mal né Ellen? Que você sofreu tanto na vida, mas esquece do que eu sofri também, ou você acha que a minha vida foi sempre um mar de rosas? Lembra-se de como era minha relação com meu pai? De como eu era antigamente, antes de conhecer o Luan? Você tem razão em tudo que disse, eu era mesmo má, mimada, caprichosa e irritante, mais já parou pra pensar porque eu era assim? Certamente você não sabe da história da minha mãe. Também não vou lhe contar porque eu não gosto de mexer nesse assunto, mas quero dizer que não foi só você quem sofreu e que isso não é motivo para querer destruir a minha vida! 

Naquele momento as duas irmãs se olharam nos olhos, os azuis de Melissa cintilavam com toda aquela emoção e os negros de Ellen também, isso elas tinham em comum, um brilho fora do comum nos olhos. Então Melissa continuou:
-Agora eu lhe pergunto, valeu a pena? Esta se sentindo vingada? - Melissa fez uma pausa e Ellen na da falou - Você estava conquistando tudo que sempre quis, ou que pelo menos diz que sempre quis né?... Tinha o amor do meu pai, uma nova família, talvez não a família perfeita, isso esta longe de nosso alcance, mas era nossa, a nossa família, e na minha opinião, a melhor família do mundo! Sabe, depois que eu tive meu filho foi que comecei a dar valor a essa coisa toda, talvez eu tenha crescido, amadurecido e acho que foi isso que faltou em você. O fato é que nos todos estávamos nos acostumando a você, te acolhendo e veja só o que ganhamos em troca, o que eu principalmente ganhei em troca. Você tem que admitir que eu não estava errada em não confiar em você, olha só o que fez, tirou meu filho de mim, meu bem mais precioso. Mentiu, enganou a todos nós. Olha Ellen, eu não sei os outros, mais eu nunca mais vou confiar em você porque sempre vou lembrar do que fez comigo.

Ellen pensou com sigo mesmo, desde o dia anterior quando Bernardo chorou com medo da chuva ela já tinha feito aquela mesma pergunta a si mesma "Valeu a pena sequestrar o Bernardo?" E de repente ela se deu conta de que tudo o que Melissa falava era verdade, ela estava começando a sentir o gosto do que era ter uma família, do que era o amor do seu verdadeiro pai, mais jogou tudo pro alto a talvez agora não tivesse mais como voltar atrás:
-Eu agi movida pela raiva... - Ellen murmurou apenas isso.
-Sabe o que eu acho que você precisa, de verdade? Um psicólogo, um tratamento, sei lá! 
-Você acha que sou louca? - Ela parecia indignada.
-O que mais eu poderia achar? - Melissa era dura nas palavras.

Ellen não falou mais nada. Melissa pegou Bernardo e disse:
-Agora eu vou embora, vou levar meu filho pra casa porque todos estão mortos de preocupação. E quanto a você, espero que um dia consiga pousar a cabeça e dormir tranquilamente sem o peso na consciência. Você faz tanta questão de falar que nós somos irmãs e ai eu me pergunto, como podemos ser tão diferentes, porque por mais que eu te odiasse, eu nunca faria com você o que fez comigo. 
Depois disso Melissa caminhou até a porta, mas Ellen entrou em sua frente tapando a passagem e dizendo:
-Não, você não vai! 

[Continua]

Melissa disse umas verdades pra Ellen né?

Ela também colocou pra fora o que sentia...

Mas e agora?

Será que Ellen não vai deixar Mel e Bernardo irem embora? 

O que acham?

Aguardem! 

Beijokas

Mayara

@FCAsCoelinhasLS